Beatles
A História por trás da canção: Revolution
por Lino Guedes
por Lino Guedes
Finalizei o meu último artigo
sobre a história por trás da canção dos
Beatles falando sobre revolução.
Uma das músicas mais conhecidas
do quarteto de Liverpool, lançada em agosto de 1968, como single do lado B de
Hey Jude, é Revolution, escrita por John Lennon e assinada por Lennon e
McCartney (versão mais rápida que a produzida seis semanas antes para o álbum
Branco) .
Revolução e Beatles cabem
perfeitamente em uma mesma frase. Sem nenhuma dúvida, a banda foi precursora de
várias delas. Mas antes de contar um pouco sobre a história por trás dessa
canção vou contextualizar a época do seu
lançamento.
A década de 1960 foi marcada por
inúmeras revoluções, tanto no campo cultural quanto no ideológico.
Jovens comandaram mudanças no
teatro, literatura, música, cinema e artes plásticas, num movmento que ficou
conhecido como contracultura. Mobilizaram-se, com espirito libertário,
contra uma forma de vida mais conservadora que marcara a década anterior. Foi
nessa época que eclodiu a música de protesto, liderada por um jovem cantor: Bob
Dylan.
A contestação que abalou a
cultura chegou também em outros setores da sociedade, como os protestos,
principalmente nos EUA, em favor da
igualdade de direitos civís dos negros, o assassinato de Martin Luther King, a
Guerra do Vietnã e entre outros países onde jovens se rebeleram contra o status
quo. Como por exemplo, a revolta
estudantil de Paris e, a mais famosa delas, a Primavera de Praga, que pedia e liberalização da então
Tchecoslováquia, contra a dominação da
União Soviética, ocorrida em 1968.
E sob toda essa efervescência que nasce Revolution.
A música foi apresentada a McCartney que
não a considerou comercial o suficiente.
Para ele, soava mais como uma resposta de Lennon a grupos revolucionários
ligados à idelogia de Lênin, Trótsky, entre outros da esquerda que cobravam do
Beatle um engajamento a suas causas,
porque John era sem dúvida o mais politizado do quarteto e a voz de uma geração.
Mas para Lennon, um
pacifista, a verdadeira revolução passava longe de se pegar em armas. Seu
discurso revolucionário sempre pregou contra qualquer tipo de violência. Entretanto, essa postura trouxe-lhe muita dor
de cabeça e críticas. Um fã, o estudante John Hoyland, chegou a cobrá-lo em uma
carta aberta, em uma revista, que dizia que a música Revolution não tinha nada
de revolucionária e que deveria rever seus
conceitos porque a verdeira revolução só seria possível depois de entender o que há de errado com o
mundo para depois destruí-lo, impiedosamente.
Em resposta a Hoyland, disse que ele estava em um movimento de
destruição. John Lennon afirmou que não se lembrava ter dito que Revolution
era revolucionária. Não acreditava que para mudar o mundo pracisávamos destruir
o que estava errado. “Vou dizer o que está errado com ele (o mundo): as
pessoas. Então você quer destruí-las? Impiedosamente? Até que você/nós mude/mudemos a sua/nossa cabeça, não há nenhuma chance. Cite uma revolução bem sucedida. Quem fodeu o comunismo, cristianismo, o budismo,
etc? Cabeças doentes, nada mais. Você
acha que todos os inimigos usam um distintivo do capitalismo para que você
possa atirar neles?”, retrucou Lennon.
John Lennon não acreditava que a
mudança passava pela destruição do sistema. Já que nenhuma havia vingado até
então. Passava por mudança de mentalidade das pessoas. Sustentou essa visão até
1980, ano de sua morte, quando voltou a citar Revolution como uma
expressão política. Acrescentou: ”não contem comigo se for para a violência.
Não esperem me ver nas barricadas, a não ser que seja com flores”.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom o post. Lennon sempre tinha algo a dizer...parabéns.
ResponderExcluirInfelizmente tá difícil acreditar que haja mudança somente com flores/diálogos!!!
ResponderExcluirRealmente o John tinha um ótimo pensamento,mas as coisas mudaram! Atualmente presenciamos uma luta bastante ideológica que acaba influenciando muitos setores da sociedade.
ResponderExcluirJohn Lennon está ainda certo. As coisas ficaram tão complicadas porque as pessoas estão cada vez mais egoístas. Aí, diante de um quadro tão complicado, somos levados a acreditar que com flores e diálogo a coisa não resolverá. É assim que os bandidos querem que pensemos. Ele acreditava na mudança do pensamento e essa mudança ainda não aconteceu, o que me leva a acreditar que o que ele disse ainda é válido e tem que ser. Não venceremos o mal com violência. Venceremos com inteligência e paciência. Ele está correto. Isso ainda é certo nos dias atuais. Não somos animais irracionais. Mas querem que acreditemos nisso. Ele estava certo e ainda está. É o que eu acredito. O erro de Lennon seria acreditar que a mudança talvez fosse rápida. Mas não é bem assim. Serão ainda muitas gerações. Mas ele estava e está certo. Assim acredito.
ResponderExcluirSó a título de exemplo do que digo, as pessoas tem dificuldade 2000 anos depois de colocar em prática o que Jesus Cristo disse. Jesus acreditava no amor e nas flores, o que hoje as pessoas acham praticamente inviável. Vai levar tempo, não veremos isso acontecer, mas acontecerá.
ResponderExcluirNão sou Cristão, só pra deixar claro. Mas o que Jesus disse não pode ser desconsiderado. Grande filósofo e pacifista!!!!
ResponderExcluiro mundo continua igual a musica da Ornela Vanoni: parole, parole, parole....
ResponderExcluirEsses caras eram gênios, nessa música por exemplo, quando ouço aquele solo de guitarra extremamente distorcido e tocando a mesma nota, não há como não imaginar um soldado disparando uma metralhadora anti-aérea e em seguida o som do bumbo simulando um disparo de canhão e a seguir um grito de agonia extrema de um piloto de avião sendo alvejado. Eles construiram uma cena de guerra com dois instrumentos e um vocal!! Nos intervalos de uma estrofe para outra a bateria se encarrega de reforçar a simulação de uma rajada de metralhadora. Incrível!
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