Depois de muitos anos no hobby (muitos mesmo), finalmente no início de 2013 decidi
investir num novo toca-discos.
Naquele momento possuía um Gradiente D35 com cápsula Audio Technica AT-91,
que é extremamente simples, mas me atendeu por muito tempo.
Abaixo um pouco da história passada por aqui nos últimos três
anos e uma analise subjetiva e TOTALMENTE PESSOAL sobre as cápsulas que pude experimentar em meu sistema:
- Ortofon 2m Blue
O escolhido para essa compra foi um Thorens TD 190-2, que vinha com
uma Ortofon OM-10. Ao mesmo tempo aproveitei e importei uma 2M Blue, o que
acabou me forçando a praticamente não ouvir a OM-10.
Quando finalmente ambos chegaram, foi uma surpresa.
Naquele momento
percebi o quão longe de ouvir meus vinis eu estava.
E de repente o foco do
sistema se voltou novamente a eles: Os LPs.
Ainda durante o ano de 2013, com o dólar e a libra em cotações aceitáveis, a coleção foi enriquecendo e vinis novos foram ganhando
espaço na estante.
O conjunto Thorens TD 190-2 + 2m Blue foi muito acertado,
mas sentia certa limitação do toca discos. Principalmente na parte estrutural.
Pensei em partir para um Audio Technica AT LP240, ou
mesmo no recém lançado AT LP1240 e foi nesse último que investi minhas fichas.
Em valores foi um downgrade e ouvi até de alguns amigos que
era “loucura” uma troca dessas. Mas queria experimentar e como o AT era um
pouco mais barato, não haveria nenhum ou quase nenhum gasto nessa troca.
Ainda no final de 2013 (mais no menos nessa época do
ano) bati o martelo e recebi o AT.
Incrivelmente tive ganho de performance.
Tanto em ritmo como principalmente em silencio de fundo.
- Audio Technica AT440MLa:
Mesmo com a troca do toca-discos, utilizei a 2m Blue por um
tempo.
Mas depois de um acidente que acabou resultando na morte prematura da cápsula, durante uma troca de headshell,
acabei vendendo apenas a agulha por “preço de banana” e precisava de uma
substituta.
No lugar dela entrou a AT440MLa.
Apesar da 2m Blue ter um timbre extremamente musical e
excelente grave, a trilhagem, principalmente nas últimas faixas não era o ideal e foi aí que a
AT acabou se destacando.
A AT é uma cápsula com mais extremos, o que pra alguns
usuários e sistemas pode não agradar tanto. Mas a quantidade de detalhes que
ela reproduz impressiona.
Poderia dizer que PARA MIM a Blue é mais musical e a AT é
mais analítica.
- Audio Technica AT150MLx
Como o resultado com a 440MLa foi excelente e o casamento
entre ela e o braço do AT LP1240 também foi muito bom, a tendência natural para
um upgrade era a AT150MLx.
Trata-se de uma cápsula cara. Realmente de outro patamar.
Mas queria experimentar e aproveitando a viagem de um amigo à Europa, fiz
a compra aqui do Brasil com entrega na Alemanha e essa veio na bagagem.
O ponto nesse upgrade é: Essa cápsula custa mais que o dobro
da irmã menor. Não, apesar de algumas coisas não serem mensuráveis, ela não "toca o dobro" da 440, mas a superioridade é evidente.
Todas as qualidades da 440 estão lá, acrescidas de maior
resolução, maior quantidade de detalhes e uma trilhagem ainda melhor.
Já li muitas vezes que “quanto melhor a cápsula, mais
exigente ela é com as gravações”. Bem... Parece que se esqueceram de contar
isso pra 150MLx.
Um conhecido de um dos fóruns que frequento já havia
levantado essa questão tempos atrás e pude comprovar isso na prática. Ela consegue
ao mesmo tempo tocar divinamente gravações que considero excelentes, mas faz
ressurgir discos que evitava tocar devido a baixa qualidade e ou estado de
conservação mais questionável.
Não sei de onde ela consegue tirar tantos detalhes, mas
consegue.
Para muitos pode ser a cápsula definitiva e realmente pensei
que seria a minha por muito tempo.
Até que...
- Ortofon 2m Black
Achei realmente que meu sistema analógico estava definido
por uns bons anos. Mas pesquisa daqui, junta umas moedas dali, faz umas
cotações acolá e eis que decidi trocar de toca-discos.
Coloquei tudo à venda e contrariando as expectativas, as
cápsulas e headshell’s acabaram indo embora antes do toca-discos.
Mesmo assim fui em frente e bati o martelo nessa compra, e,
para minha surpresa, o escolhido não estava mais em estoque em meu distribuidor
e nas fontes que consegui pagaria muito mais caro nessa aquisição.
E aí me vi na seguinte situação:
Com um ótimo toca-discos no rack, um monte de
discos pra ouvir e sem nenhuma cápsula pra usar.
Decidi que era melhor dar um tempo nessa troca e precisava novamente
de uma cápsula.
A Ortofon 2m Black foi a escolhida.
Mas por que a Black?
Por que assim como a 2m Bronze, a Black era uma que considerava como possível parceira para
o novo toca-discos; Por que ao lado da 150MLx é uma das melhores MMs do mercado; E por que nutria grande simpatia pela 2m Blue e entendia que “não teria como”
não tocar bem.
Recebida a cápsula, chegou a hora de colocar pra tocar.
Feitos os ajustes no toca-discos, vamos para o primeiro LP.
A primeira sensação e impressão foi que faltava algo. E realmente
faltava!
Ela é uma cápsula mais “flat” do que a 150MLx. Não tem
extremos tão acentuados. Tudo é mais natural. E o que causou certo incômodo no
início, tornou-se seu grande trunfo ao longo das audições e do amaciamento que
veio pela frente.
Todas as informações de antes estão lá.
A região média
aparece mais e com ela traz uma infinidade de detalhes que antes não eram tão
claros. Não que as médias sejam desiquilibradas. Longe disso! Mas como todas as
frequências são equivalentes, essa que não era tão evidente até o momento,
agora aparece com muito mais naturalidade.
Sem dúvida foi um upgrade, mas com ele trouxe uma questão:
Aquela facilidade de tocar “qualquer disco” que a AT150MLx tem, a 2m Black não tem.
Em boas prensagens o resultado é impressionante.
A
reprodução é superior, mais precisa e ainda mais musical do que na 150. Da pra
ficar horas e horas ouvindo música, levantando do sofá apenas para trocar os
discos. Já com aquelas prensagens mais sofríveis, a cápsula é implacável e não
deixa dúvida do que ela está mostrando.
Conclusão:
Durante esses últimos 3 anos, pude testar, mesmo que
rapidamente, outras cápsulas: Passaram por aqui Shure M97, Numark NS e Leson
Axxis. Mas nenhuma delas com resultados como com as citadas acima.
Se fosse falar em custo x benefício, acredito que AT440MLa
(agora 440MLb) e 2m Blue sejam alguns dos melhores do mercado.
Tocam muito bem, cada uma com suas características e
normalmente custam a mesma coisa fora do Brasil. Em torno de $200/$220.
A partir daí a brincadeira começa a ficar cara e exige mais também
do sistema.
Um bom pré de phono, um amplificador integrado (ou pré + amplificador),
bons cabos e boas caixas, fazem toda a diferença no resultado final.
A AT150MLx pode ser a cápsula definitiva para uma grande parcela
dos usuários. Não é barata, mas toca muito. Quando se está com ela, é difícil
ouvir algo inferior.
A 2m Black leva tudo para outro nível. Ela, assim como a
150MLx, não são cápsulas para se utilizar com pré de phono “built in”.
Exige MUITO do sistema e também das gravações. Mas o sorriso
no rosto é automático quando as premissas desse nível de exigência são
cumpridas.
É cara, mas vale cada centavo pra quem busca algo mais do
sistema.
Claro que tudo isso se trata da minha opinião pessoal. Opinião formada ao longo de algumas décadas de hobby e de alguns anos de investimento em pesquisa, testes e audições feitas em meu próprio sistema e em vários outros.
Agora é esperar a virada do ano e começar tudo outra vez...
Grande abraço a todos.
Todo o conteúdo © 2015 Wilton B. Junior - Direitos reservados.
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WILTON é casado com Tatiana e pai de Carolina e do cão Floyd.
Divide seu tempo livre entre a família, seus discos de vinil e seu violão.
Escrever é um de seus hobbies. Mas junto com a música, sem dúvida essa é uma das maneiras mais sinceras de dividir com o mundo, o mundo que o habita.
Bem legal este relato!
ResponderExcluirObrigado pela leitura e pelo comentário!
ExcluirPara quem curte e procura mais info sobre agulhas, um ótimo relato.Abraços, Wilton (Alvaro do blog amizadevinil.blogspot.com.br).
ResponderExcluirObrigado pelo comentário Alvaro!
ExcluirAbç
Obrigado por compartilhar suas impressões. Extremamente útil para quem está iniciando ou voltando a ouvir vinis.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
ExcluirAbç
No meu velho amigo, um Technics SL-D3, utilizo uma Stanton SL680-El, o som é muito bom com graves profundos e agudos bem definidos !
ResponderExcluirObrigado pelo comentário Ivan!
ExcluirInteressante seu relato. As nuances trazidas por diferentes cápsulas é instigante.
ResponderExcluirConforme recomendação, li, situação bem parecida com a minha, belo texto, meus parabéns Wilton, um abraço.
ResponderExcluirObrigado pela leitura Flávio.
ExcluirAbraço
Comprei uma 2M-blue, existe isso de amaciar a cápsula ?? Se sim com quantas horas ? Obrigado.
ResponderExcluirFala-se algo entre 30 e 50 horas.
ExcluirTodas as "2m" têm o cantilever bem rígido. Ao contrário das ATs.
Nesse caso, em MINHA opinião, 50 horas seria o mínimo para o amaciamento.
Abç
Wilton, muito bom seu relato. Vc considera que a 440 mla seria uma capsula mais "quente" no sentido de ser mais extrema, e por esse motivo poderia combinar mais com quem escuta rock? Tenho essa dúvida, estou no momento entre esta capsula e a 2m Blue, que apesar de falarem muito bem também recebe muitas criticas por ser muito detalhista mas ao mesmo tempo um pouco "fria". Qual sua opinião? Abraço.
ResponderExcluirOlá Gustavo. Obrigado pela leitura e desculpe a demora na resposta.
ExcluirEm MINHA opinião a AT é mais detalhada e a 2m é mais musical.
Também ouço rock (entre outras coisas) e acredito que ambas te atenderão bem.
Pensando em algo completamente subjetivo, acredito que a 2m Blue seja mais "fácil" de agradar a maioria dos ouvintes, enquanto a AT440 entregue aquele detalhe a mais.
Boa sorte e boas audições!